Igrejas_são_de_Cristo
“IGREJAS SÃO DE CRISTO”
A todos os irmãos em Cristo Jesus,
Graça e a Paz da parte de Deus a todos.
Tem sido um tempo incrível. Deus tem feito grandes coisas. Ele tem agido, falado, ensinado, corrigido... Pessoalmente me sinto ao mesmo tempo a pessoa mais fraca e limitada espiritualmente do mundo. Dá pra entender cada vez mais a alegria que Paulo tinha nesses momentos ao saber que temos um Deus que é muito poderoso para nos sustentar.
É inspirador ver o amadurecimento dos irmãos na fé aqui em Recife. Como Deus, com Sua bondade tem sustentado com Sua mão poderosa uma pequena congregação. É nítido ver Deus! Estou muito grato por tudo que Ele tem feito...
Ao mesmo tempo tem coisas que não querem calar, que a cada dia me deixa meu coração inquieto, pois acredito que existem erros que ainda precisam ser consertados... Parece existir coisas as quais não queremos falar, se foge do assunto...
Imaginem que se hoje seu pai chegasse até você e dissesse: “Filho você tem mais um irmão”. Que impacto. Talvez iríamos perguntar “mas como?”, “pai, me explica melhor isso tudo...”. Pessoalmente eu iria ao mesmo instante correndo saber quem seria este novo irmão, pegaria o primeiro ônibus... Iria antes de mais nada, conhecê-lo. Bem não quero parecer que estou usando sentimentalismo por si só, mas quero defender o que acredito ser de Deus (e bíblico). Quando descobri que tinha mais irmãos na fé do que haviam me contado, me enchi de alegria e ao mesmo tempo medo. Alegria por saber que não era um dos únicos salvos biblicamente e medo me perguntando “como serão eles? E sobre as suas convicções?”, “Será que eles são discípulos mesmo?”.
“QUEM É MEU IRMÃO NA FÉ?”
Primeiramente, posso considerar um irmão na fé aquele que foi convertido realmente como a Bíblia fala (ver estudo sobre salvação no site) e foi batizado em Cristo (1Co 12:13) não importando a denominação que ele faça parte. Existe uma Igreja espiritual que Deus conhece, que são todos os salvos. Não tem a ver se faz parte de nosso grupo ou não, se passou pelos nossos estudos ou não, mas pelo fato de ser um filho de Deus. Bem, Jesus disse “Pois quem faz a vontade de meu Pai que está no céu é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12:50). O que importa é ser ou não irmão em Cristo e fazer a vontade de Deus. Ou seja, ser realmente convertido com a doutrina correta e estar praticando os ensinamentos de Jesus.
Tenho construído relacionamentos com os irmãos da Igreja de Cristo (que nós a apelidamos de “tradicional”, que a partir de adiante, vou deixar de usar este termo) e tem sido bastante edificante.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Bem este movimento que conhecemos como Igreja de Cristo tem sua origem histórica por volta do século XVIII, sendo resultado de um longo processo em que vários cristãos se voltaram para construir uma Igreja não denominacional que seria apenas Igreja de Cristo, como a Bíblia diz. Pode-se dizer que não houve um fundador, mas várias pessoas se uniram com esse propósito, entre eles: Greville Ewing, João Glas, Roberto Sandeman e Roberto Haldane na Europa, buscando corrigir doutrinas não bíblicas de Igrejas protestantes; nos E.U.A: James O’Kelley, Abner Jones, Elias Smith e Thomas Campbell que conseguiu sumariar e colocar um pensamento que foi marco para a época: “Onde a Bíblia fala, nós falamos; onde a Bíblia cala, nós calamos”. Vou deixar mais algumas citações a respeito deste último pois acredito ser de grande valor: Uma vez ele (Campbell) disse ao povo: “Pregadores e membros das igrejas têm que entender que não há divisões no túmulo e nem no mundo além do túmulo. Nos céus não há divisões. Vamos ser unidos lá. Orem a Deus para que possamos terminar com nossas divisões aqui na terra, para que possamos deixar uma benção aqui; uma igreja alegre e unida”. Em 1809 Thomas Campbell disse: “Ainda que a Igreja de Cristo na terra tenha que existir em sociedades diferentes, separadas localmente uma da outra, ainda assim não pode haver cismas e divisões. Elas devem receber uma a outra como Jesus as recebeu para a glória do Pai. Por esta razão, estas igrejas devem andar na mesma regra, falar todas a mesma coisa e devem ser unidas no mesmo pensamento e julgamento. Para conseguir isso, nada pode ser forçado no cristão, como artigo de fé e nada esperado do cristão como prova de irmandade, além do que está ensinado, expressamente, na Palavra de Deus. Também, nada deve ser incluído, como uma obrigação divina, na constituição da igreja, se não está autorizado por Nosso Senhor Jesus Cristo e Seus Apóstolos, através da igreja do Novo Testamento. Onde as Escrituras são silenciosas, nenhuma autoridade humana tem o direito de impor mandamentos e ordenanças que o Nosso Senhor Jesus Cristo não autorizou. Nada deve ser recebido na fé ou culto da igreja ou feito como teste de irmandade entre cristãos, que não seja tão velho quanto o Novo Testamento. Divisões entre cristãos, cheias de maldades, destruindo a unidade do corpo de Cristo, são horríveis.”(Documentos Históricos Defendendo A União Cristã. C.A. Young, pp 71-74).
A Igreja de Cristo Internacional é fruto de uma separação desta Igreja de Cristo “tradicional”. O que vem a seguir foi extraído de uma revista chamada Meio evangélico. O artigo todo foi um pouco distorcido, principalmente pelo escritor não ter a doutrina bíblica da salvação, mas acredito que tem um valor histórico, principalmente pelas fontes em que ele foi buscar (estão citadas no final).
Em meados das décadas de 70 e 80, surgiu entre as igrejas evangélicas norte-americanas uma forte ênfase ao discipulado. Impulsionadas principalmente pelo livro "O Plano Mestre de Evangelismo", de Robert Coleman, essas igrejas realizaram grandes conferências sobre o assunto, que passou a ser a coqueluche do momento. E, como se era de esperar, não demorou muito para que surgissem alguns conceitos heréticos perigosos. Algumas igrejas fizeram do "seu programa de discipulado mutiplicativo" uma bandeira contra todas as igrejas cristãs que não abraçavam sua "visão revolucionária de discipulado".
As igrejas fora dessa nova visão eram vistas como "mortas". Como consequência, a liderança delas devia ser suplantada ("restaurada") pelos ministros das igrejas do discipulado. Envolto nessa filosofia, o norte-americano e ex-metodista Kip McKean, que estudava na Universidade da Flórida, em Gainesville (EUA), teve um encontro que mudou sua vida e ministério. Ele conheceu o pastor Chuck Lucas, responsável pela Igreja de Cristo de Crossroads, Flórida, EUA, e desenvolvia um trabalho evangelístico naquela Universidade. Lucas havia lido o livro de Coleman e chegou à conclusão que este ensinava que Jesus controlava a vida de seus apóstolos, instruindo a disciplinar outros controlando suas vidas. Se Jesus agiu dessa forma, logo os cristãos de hoje deveriam fazer o mesmo com as pessoas que aceitassem o evangelho.
Chuck Lucas colocou tal ensinamento em prática no seu evangelismo e treinou McKean e os demais nessa versão radical de discipulado, conhecida como "ministério multiplicador".
Em 1976, certo número de estagiários, incluindo McKean, foi enviado para trabalhar com as Igrejas de Cristo, nas suas congregações localizadas perto do Campus da Universidade. O plano era que cada um deles iniciasse uma extensão no Campus usando a Igreja local como base. McKean foi para Heritage Chapel, Igreja de Cristo em Charleston, Illinois, iniciando, assim, uma extensão do "ministério multiplicador" nessa Universidade. Apesar de ter sido bem-sucedido, não demorou muito para que alguns membros da Igreja questionassem seu sitema de disciplina e fizessem mudanças no que se referia à manipulação e controle. Na verdade, houve muitas separações na congregação por causa desse rigoroso processo de discipulado.
Em 1979, McKean mudou-se para o subúrbio de Lexington, em Boston, onde ele se envolveu com a Igreja de Cristo. No primeiro dia do mês de junho daquele ano, McKean reuniu-se com trinta pessoas, cada qual comprometeu-se com o Senhor e seu trabalho. McKean estabeleceu um programa agressivo de evangelismo e discipulado. O resultado foi notório. No primeiro ano, 103 pessoas batizadas, no segundo, 200, no terceiro, 256, no quarto, 368, no quinto, 457, e, no décimo, a soma chegou a 1.261. No total, 6.790 pessoas foram batizadas . Ao chegar 1983, a Igreja teve de alugar o teatro de óperas de Boston para as reuniões aos domingos, sendo que os encontros semanais, chamados "bate-papos bíblicos", eram promovidos nas residências. Posteriormente, a Igreja de Cristo de Lexington mudou seu nome para Igreja de Cristo de Boston. (...) Em 1988, o Movimento começou a passar por severas crises internas como resultado de seus métodos extrabíblicos de discipulado. A Igreja de Cristo de Crossroads (onde o Movimento teve seu início) se separou do Movimento de Boston, tachando-o como autoritário por dar excessivo poder ao líder e ensinar que o discípulo deve obedecer ao discipulador em qualquer assunto. Os anciãos da Igreja de Cristo de Tampa Bay também decidiram romper com o Movimento de Boston por causa de suas quatros práticas doutrinárias contrárias às Escrituras:
1. Autoridade e controle,
2. Sua liderança e organização,
3. Seu exclusivismo e elitismo e
4. O espírito jactancioso do seu sucesso numérico.
Em 21 de outubro de 1988, foi remetida uma carta por um dos líderes das Igrejas "Caseiras" de Bridgewater aos superiores da Igreja de Cristo de Boston. Essa carta mencionava problemas similares àqueles indicados pelas duas anteriores Igrejas. Diante de tamanha crise, Kip McKean tentou realizar algumas mudanças doutrinárias no Movimento, chegando a dizer: "Estava errado em alguns de meus pensamentos sobre autoridade bíblica. Eu achava que os líderes poderiam chamar as pessoas para obedecerem e seguirem a eles em todas as áreas. Isso estava incorreto. Sinto-me mal, pelas pessoas que foram prejudicadas por esse erro". Apesar dessa tácita declaração, McKean continuou com seu errôneo ensino, de tal modo que a Universidade de Boston, a Universidade de Marquete, a Universidade da Califórnia Meridional, a Universidade do Nordeste e a Universidade de Vanderbitt são algumas das instituições de ensino americanas que proibiram a Igreja de Cristo de Boston de agir nos seus Campi.
Primeiramente, isto é um pouco de história (que não necessariamente é Verdade, pois foi entendido e escrito por mãos humanas). Pra mim foi muito difícil ouvir e entender tudo acerca de nosso passado. Acho que não é o momento de ficarmos jogando pedras em ninguém, mágoas, procurar o culpado... Porém fica clara a nossa origem. Uma das coisas alegadas por Kip em sua carta (Da Babilônia a Sião, REVOLUÇÃO ATRAVÉS DA RESTAURAÇÃO, III) é que crescimento significava que Deus estava conosco, o que não é necessariamente verdade. Nesta mesma carta ele faz várias citações de números comparando as ICOC com as Igrejas de Cristo, que eu acredito ser insensato. Antes de qualquer coisa, independente do que homens fizeram, se você está em Cristo (e não se desviar Dele e de seus ensinamentos), sua descendência é espiritual, desde Abraão, Moisés, Isaque, Jacó, Jesus, apóstolos, primeiros cristãos... Seu nome está escrito no livro da vida!
“POR QUE NÃO?”
Mas diante de tudo isso, é de se perguntar: Por que não nos unirmos com a Igreja de Cristo? Não estou dizendo meu irmão que você agora vai encontrar “A Igreja Verdadeira”, “perfeita”, “A única”, mas cristãos iguais a todos nós desejosos em praticar a Bíblia, somente (e rigorosamente) a Palavra de Deus. A Igreja de Deus é composta de pecadores (não estou dizendo conivente com o pecado) que querem estar justos diante de Deus através do sangue de Jesus. Com certeza deve haver pecados como há na nossa, porém as pessoas que tenho conhecido e firmado laços são sinceramente exemplos pra mim. Se nós viemos de lá e o que nos separou foram as “reformas” propostas por Kip, que hoje nós já as eliminamos, por que não reatar laços de irmandade e nos unirmos?
CULTURA DE SATANÁS: DIVISÕES
Hoje vivemos numa “cultura espiritual” completamente distorcida da Palavra de Deus. Existem como todos nós sabemos muitas denominações, divisões no meio religioso. Eu me lembro que uma vez uma pessoa falou para mim: “Toda Igreja nasceu de uma divisão de uma outra anterior” e naquela nem parei pra pensar sobre isso. É comum a divisão. Se algum líder não se dá bem com os demais, ele simplesmente sai e funda sua própria Igreja. Se alguém tem um método diferente de seguir a Palavra de Deus que se destaque, este começa a achar que tem o “método verdadeiro”, ou que agora tem a receita da “Igreja Verdadeira” (esse foi o nosso caso) e se divide; Se tiver uma doutrina periférica que alguém não concorda, o grupo que tem o pensamento em comum se junta para “fundar” uma nova Igreja e simplesmente corta os relacionamentos de irmandade, ou ainda pior, um trata o outro como um não irmão em Cristo. Nos E.U.A cristãos da Igreja de Cristo se dividem por usar ou não instrumentos, ter ou não uma placa na frente da Igreja... É tão ridículo. Graças a Deus tem acontecido mudanças nesta maneira de pensar.
A lista de pecados de (Ga 5:19-21), que é conhecida por todos, diz que divisões, facções (e isso foi escrito na época neste contexto!) é pecado. Essa maneira de agir e de pensar é reprovada por Deus claramente. Se desejamos estar irrepreensíveis aos olhos de nosso Deus (2Pe 3:14) no dia do Senhor, devemos arrancar esse pecado de nós. A mesma lista que tem imoralidade tem divisões. Como aconteceu na Igreja de Corinto (1Co1: 11-13):
Meus irmãos, fui informado por alguns da casa e Cloe de que há divisões entre vocês. Com isso quero dizer que algum se vocês afirma: “Eu sou de Paulo”; ou “Eu sou de Apolo”; ou “eu sou de Pedro”; ou ainda “eu sou de Cristo”. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado a favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo?
Já pararam para pensar como Jesus e Deus tem olhado para tudo isso? Quantas vezes pregamos sobre união dentro de nossas congregações, mas aos olhos de Deus acabamos defendendo “nosso grupo” e uma divisão?
CRISTÃOS SÃO DIFERENTES
Antes tínhamos uma visão herdada por Kip, que um cristão era aquele que tinha “o mesmo estilo de vida”. Tanto que ao encontrarmos outros irmãos na fé eles eram bem parecidos, tinham tempos de discipulado, saídas, evangelizavam de acordo com o mesmo método... Dois discípulos de Jesus Cristo podem praticar o mesmo mandamento de Deus de maneiras diferentes. Por exemplo, pode ser que evangelize com convite, enquanto outro sinta-se mais à vontade de compartilhar sua fé em pé no ônibus. Um não é melhor que o outro, são apenas diferentes, pois as pessoas são diferentes e têm diferentes personalidades (queremos construir o caráter de Cristo). Portanto deve-se tirar qualquer tipo de preconceito que estiver guardado em nossos corações. Devemos aceitar essas nossas pequenas diferenças, suportando uns aos outros com amor, por temor a Cristo.
DESCULPAS
Podemos pensar “tudo bem, eles lá e eu aqui”. “Eu até entendo. Mas queremos distância...” mas será que essa postura é bíblica? Em Atos 11:27 e 15:1 dá pra se ver que era comum o relacionamento entre as congregações cristãs, mesmo com a barreira a ser quebrada entre os gentios e os judeus! Alguns deles foram até ensinar doutrinas erradas a outros irmãos, acredito eu com as melhores intenções... Ouvi uma frase horrível um dia desses: “não estou pouco me lixando com eles, eu quero saber é da minha Igreja...” Acho que nosso relacionamento com nossos irmãos das Igrejas de Cristo tem haver com dois níveis:
a) Todos entenderem que são nossos irmãos em Cristo
Aceitar, a priori, (digo todos entenderem a amplitude disso) que eles são nossos irmãos. Biblicamente é muito evidente. Em (Ga 3:26-29) diz: Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa. É muito claro. Vejamos que na época as diferenças eram bem maiores! Várias outras passagens mostram isso. É Deus falando. Aos que não aceitam isso, acredito, já entra no campo do “eu não quero ver...” Que é pecado, a teimosia, orgulho, que é o próximo ponto.
b) Como encarar esta nova realidade
Depois, como encarar este fato. Posso me esconder dizendo “tenho que amar primeiro os irmãos da minha congregação”, e isso é verdade e muito bom. Mas a Bíblia também diz:
“Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus, tampouco quem não ama seu irmão”. (1Jo 3:10)
e ainda:
“sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte.” (1Jo 3:14).
Simplesmente se alguém não os ama como irmão em Cristo está em pecado. Se nos negamos a ir até eles sabendo de tudo isso, acredito que é pecado, pois age sem amor. Não estou dizendo que agora vamos andar por este mundo andando atrás de irmãos na fé para que possamos amá-los (parece bem patético), mas a verdade é que não podemos esquecer o passado e a dívida que temos com eles. Simplesmente foi apagado de nosso conhecimento acerca dos cristãos das Igrejas de Cristo, quando foi instaurada a definição de discípulo dada pelo Movimento de Boston. Em nossos manuais de discípulo vinham uma estória bem influenciadora, quase heróica a cerca do nosso antigo líder. Sinceramente vejo muita maldade nesta definição (que pode ainda estar em nossos corações enraizada) em relação aos cristãos “apagados” por uma falsa doutrina. Não quero sustentar uma divisão gerada por Kip Mckean por mais tempo.
RAÍZES DO ORGULHO
Durante o ministério de Jesus, Ele teve que lidar com o coração de seus discípulos durante várias situações. Uma delas, acredito, parece muito com a que estamos passando. Durante o discipulado de Jesus seus seguidores aprenderam muito, viram milagres, andaram com o próprio Cristo... Se estudarmos (Lc 9:1-56) podemos ver como o orgulho foi aos poucos se apegando aos discípulos. Primeiro Jesus lhes deu poder e autoridade para expulsar demônios e curar doenças, como também pregar o Evangelho (vs.1-6). Mais tarde, Ele leva Pedro, Tiago e João para o monte onde eles vêem Moisés e Elias! (vs.28-36). Além do mais naquele momento Deus falou diretamente com eles! Que demais para aquelas pessoas... Sabe, Deus fez grandes coisas com sua misericórdia (porque Ele quis) em nossas vidas. Muitos de nós viram Deus agindo em suas próprias vidas e nas de outros. Porém nada é motivo para nos orgulharmos. Não temos nenhum motivo para isso, foi Deus que quis agir (Rm 9:14-16) É pela graça que somos salvos. Aqueles discípulos podem ter descido do monte pensando no seu íntimo “sou especial”, “Deus falou comigo...”, “sou o escolhido...”. Posteriormente de vs.46-48 começa uma discussão acerca de qual era o maior. Começa então a guerra de egos. Talvez eles estivessem discutindo “eu sou o mais espiritual”, “eu sou o mais humilde”, “eu preguei melhor que você”. Parece tolice, porém foi o que aconteceu conosco em relação às outras Igrejas, principalmente em relação às Igrejas de Cristo. Qualquer tipo de comparação entre cristãos é insensatez (2Co 10:12) e tolice, foi o que Paulo falou quando o comparavam a outros apóstolos. Não tem motivo para dois irmãos em Cristo se compararem. Sinceramente é muito, acho muito insensato quanto escuto irmãos falarem “eles são mais assim, nós somos melhores nisto..” é tolice essa rixa. Jesus morreu por todos nós. Ela não deve existir. Somos um só. O coração dos discípulos iriam ainda mais ser revelados em (Lc 9:49-50) quando eles simplesmente subiram nos degraus do orgulho, se achando melhores que os outros e o pior, se colocaram como juízes do mundo. Eles descriminaram outro porque “não era do nosso grupo”. Essa frase me parece bem familiar. O ápice da insensatez foi quando nos vs.51-56 eles quiseram jogar fogo em Samaria! Eles agora tinham perdido o sentido que Deus esperava e estavam condenando o mundo! Pode parecer que não tem muito a ver conosco, mas esteve enraizado em nós. Irmãos, Deus não nos chamou para condenarmos as pessoas. A palavra julgar do grego krinete tem vários significados, dentre eles ter um discernimento e condenação. Devemos dar um juízo bíblico para as pessoas, falando a verdade em amor, porém jamais condenar ninguém. Deixemos isso para Deus. Acredito, e vi em meu próprio coração, que houve em nós um espírito de condenar as pessoas, seja não cristão, cristão de nosso grupo e principalmente pessoas de outro grupo cristão. Um grande mal que vi em nós foi a cultura dos rótulos (e o Renato Tria havia pregado sobre isso na conferência passada) tanto dentro da Igreja, quanto fora. Um dos nossos maiores pecados foi taxar as pessoas de “RELIGIOSAS”, num sentido pejorativo, nos colocando acima delas. Quem somos nós, irmãos, para andar taxando as pessoas? Eu acho que tem ainda muito disso guardado, o que pode nos impedir de nos aproximarmos das Igrejas de Cristo. Ou ainda “SEU MORNO”, em relação às pessoas que não evangelizavam tanto quanto a gente. E olhe que o contexto desta passagem é outro... Se tiver ainda alguém que se considere “melhor”, “mais discípulo”, “mais quente” que nossos irmãos de lá por que não foi ajudá-los a serem “tão discípulo” quanto você? Se Jesus ensinou que o maior é aquele que serve, Mc 10:41-45 (em mais uma discussão entre os discípulos), e se em nós tem algo que nos ache superior a eles porque nós não os estamos ajudando? Vamos parar de atirar pedras! O nosso espírito é de salvar, não de destruir, dividir ou de comparar. Paremos de criticar, ajudemos. Nesta cultura de divisões, irmãos em Cristo Jesus que não querem se relacionar com outros começam a procurar defeitos, desculpas em outros para não buscarem a união.
Nossa briga é contra Satanás, não contra pessoas. Nossa luta, a da Igreja de Jesus Cristo é para salvar almas perdidas. Todos os cristãos no mundo estão nesta guerra.
DESEJO DE DEUS: UNIÃO
“Todo Reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá..” Mt 12:25
O Reino de Deus não deve estar dividido, pois assim se enfraquece. Acredito que Satanás está rindo de toda essas divisões. Ele está procurando motivos para no último dia não nos apresentarmos no tribunal de Cristo irrepreensíveis. Não posso dizer “eu não preciso de você” como em 1Co 12:21. Acredito que, como uma peça do brinquedo “LEGO” se encaixa perfeitamente na outra para a construção de algo maior, nós precisamos uns dos outros para a construção de algo maior, o Reino de Deus. Somos um corpo que pertence a Cristo. Pessoalmente, Deus tem derramado várias bênçãos espirituais com o convívio com cristãos que não são das “internacionais”. Aliás, até quando vamos sustentar esta denominação? No site oficial, por exemplo, ainda existe este nome. Qualquer tipo de mensagem como esta tem um poder de fixação muito grande, não é saudável espiritualmente e é partidarista, divisória. Como na citada Escritura (1Co 1:12): “eu sou de Apolo”, “eu sou de Paulo”, “eu sou de Pedro”, bem dá a entender “nós somos as internacionais”, “sou de Kip”. Não é bíblico.
Jesus sonhou com união: (Jo 17:11, 20-21)
“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. (...)” “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti.”
Todos serem um. Acredito que é mais do que a hora de isso acontecer. Para o bem comum. Deus deseja que sejamos mutuamente ajudados e edificados.(Ef 2:19-22). Não podemos ficar em um degrau acima apenas reparando, analisando se uma congregação da Igreja de Cristo vai ajudar, outra não vai... Somos irmãos! Espiritualmente somos um. Seria muito egoísmo de nossa parte buscar apenas ser “sanguessugas” extraindo deles, ao invés de arregaçarmos juntos as mangas para trabalharmos na obra de Deus! Fico imaginando se algum familiar nosso estivesse mal um dia, se nós o jogaríamos fora. Vamos nos ajudar, nos edificar. Acima de tudo, é a Cristo quem nós estamos servindo. Ainda mais, poderia passar um bom tempo falando de várias outras bênçãos que vão/podem acontecer com a nossa união, porém acho que não convém, para estarmos puros em nossas motivações que é servir ao Senhor e agradar a Deus.
Sabe, quando olho para a minha congregação não vejo uma “Igreja de Cristo Internacional” mas sim, uma congregação exatamente como a da Bíblia. Simplesmente cristãos como os do primeiro século, iguaizinhos, nem mais, nem menos. Neste último culto a que assisti na minha congregação, o pregador falou realmente uma verdade: “O nosso desejo de estarmos unidos com nossos irmãos vai mostrar realmente como estamos na fé, nossos corações...” Ele estava animando a Igreja para ir a uma conferência cristã em Salvador (e é muito bom isso!). Porém este mesmo preceito se aplica principalmente à nossa relação com os nossos irmãos da Igreja de Cristo, revela como estamos na fé. Pensei: E os outros nossos irmãos da Igreja de Cristo que estão próximos de mim? Se viajo para animar os cristãos que estão tão distantes, por que não estes outros? Não tem sentido isso... Certo dia quando estava indo me encontrar com um irmão de lá para ter um tempo, achei muito engraçado, pois quando entrei no ônibus e estava tocando uma música que caiu como uma luva: “eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar...” – E foi bem edificante. Deus, acredito, está clamando por união de seus filhos.
A IGREJA É DE CRISTO
Ninguém é dono da Igreja de Deus. Cristo é o dono e cabeça. Não tenho poder de impedir nada em Sua Igreja. Somos apenas seus servos sem valor e Ele é o Mestre. Faço parte do grupo de liderança aqui em Recife, mas não tenho nenhuma autoridade de dominar o povo, é Cristo o Senhor. Não quero impedir o Espírito Santo de agir (que repito, acredito eu, está clamando por união). Nenhum líder tem esse poder. Tivemos uma herança de liderança paternalista (a que existe na maioria das Igrejas evangélicas hoje, na figura de um “Pastor”) que uma pessoa decidia pela Igreja, e além do mais, estamos aprendendo hoje a servir a Deus de maneira autônoma (sem hierarquia). A Igreja é de Cristo, deixemos Ele guiar a sua Igreja. Não quero parecer uma pessoa que está querendo causar divisões, ou que esta seja mais uma mensagem “revolucionária” como a de Henry Kriete, mas pelo contrário, gostaria que a vontade de Cristo fosse feita, a união. Para a glória de Deus Pai.
DIÁLOGO
Antes de mais nada quando/se isto acontecer não podemos pensar “a nossa Igreja está acabando”, ao contrário a Igreja de Cristo está se unificando... Como está sendo realizado no E.U.A com as principais lideranças das “internacionais”, acredito que devem ser realizados diálogos, negociações, estudos bíblicos em conjunto para todos estarem convictos. Pessoalmente existem doutrinas periféricas que eu defendo com unhas e dentes. Mudanças são sempre difíceis e as pessoas levam tempos diferentes para assimilá-las. Acredito ser um processo que Deus vai guiar. Há duas semanas atrás o George Ferguson telefonou para um irmão da Igreja de Cristo que saiu das “internacionais” pedindo-lhe perdão pelo que fizera e disse que este irmão estava certo. Acho que é um tempo de se esquecer o passado, limpá-lo e haver perdão sincero. Pode parecer estranho no começo construir estes relacionamentos. Nada deve ser forçado, pois relacionamentos são naturais. Eles podem perecer um pouco diferentes, usar métodos diferentes, mas são seus irmãos. Uma boa escritura que pode promover a paz e evitar conflitos é ler Rm 14. Os irmãos das Igrejas de Cristo daqui de Recife estão ansiosos para que isso possa acontecer: o diálogo, união, confiança mútua... E os irmãos da minha congregação estão um pouco divididos, acredito que por sua maioria não conhecer toda a verdade. Pessoalmente sonho com esta união. Estou convicto que Jesus sonha com ela.
Que tudo seja para a glória e louvor de Deus, amém!
“Como é bom e agradável
quando os irmãos convivem em união!
É como óleo precioso derramado sobre a cabeça,
que desce pela barba, a barba
de Arão,
Até a gola de suas vestes.
É como o orvalho do Hermom
Quando desce sobre os montes de
Sião
Ali o senhor concede a benção
da vida para sempre.”
Sl 133
Júlio César
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